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Mamãe-polvo choca seus ovos por 4,5 anos até nascimento de filhote

1 de agosto de 2014
3 min. de leitura
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Foto: Reuters/MBARI/Eurekalert.org
Foto: Reuters/MBARI/Eurekalert.org

Se alguém fosse criar um prêmio para “mãe do ano” no reino animal, uma forte candidata seria uma dedicada mamãe de oito braços que vive nas profundezes escuras e geladas do Oceano Pacífico.

Cientistas americanos descreveram, nesta quarta-feira (30), como a fêmea de uma espécie de polvo que vive a quase 1400 metros de profundidade passa 4,5 anos chocando e protegendo seus ovos até que eles eclodam. Durante esse período, ela renuncia a qualquer alimento para si mesma.

Este é o período de choca mais longo já registrado em qualquer animal, segundo os cientistas, que publicaram a descoberta no periódico científico “PLOS ONE”.

Os pesquisadores usaram um submarino controlado remotamente para monitorar a espécie, chamada Graneledone boreopacifica, em grandes profundidades da costa da Califórnia.

Eles identificaram, então, uma fêmea que se agarrava à parede vertical de uma rocha, perto do fundo de um cânion que se estendia por cerca de 1.400 metros abaixo da superfície. Ela chocava cerca de 160 ovos translúcidos, mantendo-os livres de detritos e sedimentos e espantando os predadores.

Em nenhum momento a mamãe-polvo deixou os ovos sozinhos. Ela também não foi vista comendo nada. O polvo progressivamente perdeu peso e sua pele se tornou pálida e flácida. Os pesquisadores monitoraram a fêmea em 18 mergulhos ao longo de 53 meses, de maio de 2007 a setembro de 2011.

Bruce Robison, um ecologista especialista em fundo do mar do Monterey Bay Aquarium Research Institute, na Califórnia, diz que essa espécie demonstra um instinto maternal extremamente forte. “É extraordinário. É incrível. Ainda estamos surpresos com o que vimos”, disse Robison.

Experiência única

A maior parte das fêmeas de polvo põe ovos uma única vez na vida e morre logo depois da eclosão. Os recém-nascidos dessa espécie não são bebês indefesos. O longo período de choca permite que os filhotes saiam dos ovos já capazes de sobreviver por conta própria. Eles emergem como miniaturas de adultos com capacidade de capturar pequenas presas.

Nessa grande profundidade, não há luz solar: a única luz vem das criaturas marinhas bioluminescentes. Além disso, é muito frio: a temperatura é de 3ºC. “Pode parecer bem desagradável para nós, mas é a casa deles”, diz Robison.

Durante o período de choca, a mamãe-polvo parecia estar concentrada exclusivamente no bem-estar dos ovos. “Ela protegia seus ovos dos predadores, e eles eram abundantes. Há peixes e caranguejos e todo tipo de criatura que adoraria comer aqueles ovos. Então ela os afastava quando se aproximavam dela”, conta o cientista.

“Ela manteve os ovos livres de sedimentos e os ventilou ao movimentar a água ao redor deles para troca de oxigênio. Ela estava cuidando deles”, acrescentou o especialista. Essa espécie mede cerca de 40 cm e tem uma pele de cor roxa pálida e textura manchada. Eles se alimentam de caranguejos, camarões e caracóis.

Fonte: G1

 

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